LEITURA EM CONTEXTO DIGITAL
Este blog pertence a um grupo de professores que, através do AVA-EFAP, estão sendo capacitados no curso: Melhor Gestão, Melhor Ensino, pela "Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo "Paulo Renato Costa Souza -SEESP. A ideia do curso é refletir e exercer, com os educadores em formação, práticas de leitura e escrita em ambientes digitais interativos. Acompanhem as novidades.
sábado, 22 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
sábado, 15 de junho de 2013
Situação de aprendizagem
Segue abaixo a Situação de Aprendizagem Presencial, elaborada pelo Grupo 1.
Grupo 1 – Carlos Drummond de Andrade
Texto – No aeroporto
- Que tipo de texto vou ler para a classe? Música, poema,
entrevista...
- Levantamento sobre conhecimento de mundo.
- Levantar questões:
1- Você conhece essa imagem?
2- Onde fica?
3- Qual o nome?
4- Você conhece o nosso aeroporto? Quem são os transeuntes?
Como se comportam?
5- Você já ouviu falar no autor?
6- O que sugere o título “No aeroporto?”
Breve histórico do
autor
Biografia de Carlos
Drummond de Andrade:
Carlos Drummond de Andrade
(1902–1987) foi poeta brasileiro. "No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho". Este é um trecho de uma das poesias
de Drummond, que marcou o 2º Tempo do Modernismo no Brasil. Foi um dos maiores
poetas brasileiros do século XX.
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987) nasceu em Itabira de Mato Dentro, interior de Minas Gerais. Filho
de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade, proprietários
rurais decadentes. Estudou no colégio interno em Belo Horizonte, em 1916. Doente,
regressa para Itabira, onde passa a ter aulas particulares. Em 1918, vai
estudar em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, também no colégio interno.
Em 1921 começou a publicar
artigos no Diário de Minas. Em 1922 ganha um prêmio de 50 mil réis, no Concurso
da Novela Mineira, com o conto "Joaquim do Telhado". Em 1923
matricula-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de Belo
Horizonte. Em 1925 conclui o curso. Nesse mesmo ano casa-se com Dolores Dutra
de Morais. Funda "A Revista", veículo do Modernismo Mineiro.
Drummond leciona português e
Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe agrada. Volta para Belo
Horizonte, emprega-se como redator no Diário de Minas. Em 1928 publica "No
Meio do Caminho", na Revista de Antropofagia de São Paulo, provocando um
escândalo, com a crítica da imprensa. Diziam que aquilo não era poesia e sim
uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de "tinha
uma pedra" em lugar de "havia uma pedra". Ainda nesse ano,
ingressa no serviço público. Foi auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior
de Minas.
Em 1930 publica o volume
"Alguma Poesia", abrindo o livro com o "Poema de Sete
Faces", que se tornaria um dos seus poemas mais conhecidos: "Mundo
mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma
solução". Faz parte do livro também, o polêmico "No Meio do
Caminho", "Cidadezinha Qualquer" e Quadrilha". Em 1934
muda-se para o Rio de Janeiro, vai trabalhar com o Ministro da Educação e
Saúde, Gustavo Capanema. Em 1940 publica "Sentimento do Mundo"
influenciado pela Segunda Guerra Mundial. Em 1942 publica seu primeiro livro de
prosa, "Confissões de Minas". Entre os anos de 1945 e 1962, foi
funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional.
Em 1946, foi premiado pela
Sociedade Felipe de Oliveira, pelo conjunto da obra. O modernismo exerceu
grande influência em Carlos Drummond de Andrade. O seu estilo poético era
permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante
da vida, e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos
existenciais", e os transformava em poemas com incrível maestria.
A poesia de Carlos Drummond
de Andrade era facilmente entendida e captada pelo grande público, o que o
tornou poeta popular, o que não quer dizer que seus poemas fossem superficiais.
A Rosa do Povo é um poema muito conhecido e comentado. A rosa nesse poema
funciona como metáfora do entendimento universal, dos valores da democracia e
da liberdade, valores típicos da modernidade no século 20. Carlos Drummond de
Andrade foi também tradutor de autores como Balzac, Federico Garcia Lorca e
Molière.
Em 1950, viaja para a
Argentina, para o nascimento de seu primeiro neto, filho de Julieta, sua única
filha. Nesse mesmo ano estréia como ficcionista. Em 1962 se aposenta do serviço
público mas sua produção poética não para. Os anos 60 e 70 são produtivos.
Escreve também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar
os 40 anos do poema "No Meio do Caminho" Drummond reuniu extenso
material publicado sobre ele, no volume "Uma Pedra no Meio do Caminho -
Biografia de Um Poema". Em 1987 escreve seu último poema "Elegia de
Um Tucano Morto".
Carlos Drummond de Andrade
morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, doze dias depois do
falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.
O trabalho de Sequência Didática, não pode ser publicado diretamente no Blog, para visualizá-lo, clique no link a seguir:
Grupo 5
Sequência
de atividades
9º ano
Levantamento de hipóteses, ativação do
conhecimento prévio, antecipação
“Pausa”
Moacyr
Scliar
?? PAUSA
??
•
O que será que este título quer dizer?
•
Sobre o que será este texto? Qual o tema
(assunto)?
•
Quando é que usamos a PAUSA em nossa vida?
Apresentação
do texto para o aluno
Às sete horas o despertador tocou. Samuel
saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se
rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a
mulher apareceu, bocejando:
—Vais
sair de novo, Samuel?
Fez
que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas
eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra
azulada. O conjunto era uma máscara escura.
—Todos
os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
—Temos
muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela
olhou os sanduíches:
—Por
que não vens almoçar?
—Já
te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A
mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o
chapéu:
—Volto
de noite.
As ruas ainda
estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava
vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa
travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou
apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo.
Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no
balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o
gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho
bom este, não é? A gente...
—Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre -
Estendeu a chave.
Samuel subiu
quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres
gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
—Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo
curto.
Ofegante,
Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma
cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água,
sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho
franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel
de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se:
os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um
círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície
imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o
galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas,
corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor
lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio
acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor,
Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da
cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
— Já vai, seu Isidoro?
—Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou,
conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente:
—Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela
porta; a noite caia.
—O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o
homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um
instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado.
Depois, seguiu. Para casa.
(in: Alfredo Bosi, org. O
conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)
Para você professor
Feita a leitura
de maneira coletiva, os alunos trabalharão o vocabulário do texto (com o
auxílio do dicionário) a fim de melhorarem e ampliarem o entendimento do mesmo
e neste momento trocarem informações prévias sobre o assunto trabalhado no
conto.
Após esta troca de
informações, os alunos responderão um questionário para assimilação concreta do
texto. Sendo utilizado para isso o recurso da monitoria, pois dessa forma será
possível um trabalho mais amplo com a sala (já que o aluno com mais dificuldade
será ajudado pelo colega, que neste caso, entendeu melhor o conteúdo)
1- Nesse conto, o narrador é
observador. Ele narra o que acontece na vida da personagem Samuel/Isidoro.
a) Quanto
tempo transcorre entre o início e o final do conto?
b) Como
o narrador informa o leitor sobre o tempo decorrido?
2- O tempo e o espaço são
elementos importantes para a construção do sentido das narrativas. No conto
“Pausa”:
a) Onde
ocorrem os fatos?
b) Qual
deles é mais destacado? Justifique sua resposta.
c) Como
se caracteriza esse lugar?
d) Que
relação há entre o título, o lugar onde ocorre a maioria dos fatos e o tempo em
que acontece a história?
e) O trajeto que Samuel faz até o hotel, nos
traz informações a respeito do espaço onde acontece a narrativa. Através delas
é possível determinar qual o tipo de cidade que a personagem vive? Ela se
parece com a sua?
Localização
e comparações de informações, a generalização e a produção de inferências.
Ao ver estas imagens...é possível perceber alguma
semelhança com o texto? Ou elas são totalmente diferentes?
Percepção de intertextualidade e de
outras linguagens, bem como a comparação existente entre os gêneros e a
capacidade de apreciação réplica do leitor em relação aos gêneros.
Click
·
O que o filme
tem em comum com o texto Pausa ?
·
Como as
personagens de ambos os gêneros (conto e filme) fogem da realidade em que se
encontram?
·
Existe
algum ou alguns momentos no filme que assim como no conto sugerem uma mudança
na vida de suas personagens?
·
A mudança
acontece somente no cenário(visual) ou ela ocorre também no textual
(falas/linguagens) ? E esta mudança afeta o seu psicológico, sua personalidade?
Pausa
– Mario Quintana –
– Mario Quintana –
Quando
pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na
feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem
os óculos sobre a mesa.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira…
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti: “Io sonno um poeta o sonno um imbecile?”
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
E daí?
– Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa os óculos no nariz.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira…
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti: “Io sonno um poeta o sonno um imbecile?”
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
E daí?
– Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa os óculos no nariz.
(A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo,
Globo.)
·
Será que
esta pausa relatada por Mario Quintana é a mesma relatada por Moacyr?
·
“...E sinto que, enquanto eu não puder captar
a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará...”
·
A
inquietação que toma conta do autor é semelhante a que percebe-se na vida de
Isidoro/Samuel?
História de passarinho
Lygia Fagundes Telles
Um ano depois os moradores do bairro ainda se
lembravam do homem de cabelo ruivo que enlouqueceu e sumiu de casa.
Ele era um santo, disse a mulher abrindo os braços. E
as pessoas em redor não perguntaram nada e nem era preciso, perguntar o que se
todos já sabiam que era um bom homem que de repente abandonou casa, emprego no
cartório, o filho único, tudo. E se
mandou Deus sabe para onde.
Só pode ter enlouquecido, sussurrou a mulher, e as
pessoas tinham que se aproximar inclinando a cabeça para ouvir melhor. Mas de
uma coisa estou certa, tudo começou com aquele passarinho, começou com o
passarinho.
Que o homem ruivo não sabia se era um canário ou um
pintassilgo. Ô, Pai! caçoava o filho, que raio de passarinho é esse que você
foi arrumar?!
O homem ruivo introduzia o dedo entre as grades da
gaiola e ficava acariciando a cabeça do passarinho que por essa época era um
filhote todo arrepiado, escassa a plumangem de um amarelo-pálido com algumas
peninhas de um cinza-claro.
Não sei, filho, deve ter caído de algum ninho, peguei
ele na rua, não sei que passarinho é esse.
O menino mascava chicle. Você não sabe nada mesmo,
Pai, nem marca de carro, nem marca de cigarro, nem marca de passarinho, você
não sabe nada.
Em verdade, o homem ruivo sabia bem poucas coisas.
Mas de uma coisa ele estava certo, é que naquele instante gostaria de estar em
qualquer parte do mundo, mas em qualquer parte mesmo, menos ali. Mais tarde,
quando o passarinho cresceu, o homem ruivo ficou sabendo também o quanto ambos
se pareciam, o passarinho e ele.
Ai!, o canto desse passarinho, queixava-se a mulher.
Você quer mesmo me atormentar, Velho. O menino esticava os beiços, tentando
fazer rodinhas com a fumaça do cigarro que subia para o teto, Bicho mais chato,
Pai, solta ele.
Antes de sair para o trabalho, o homem ruivo
costumava ficar algum tempo olhando o passarinho que desatava a cantar, as asas
trêmulas ligeiramente abertas, ora pousando num pé ora noutro e cantando como
se não pudesse parar nunca mais. O homem então enfiava a ponta do dedo entre as
grades, era a despedida e o passarinho, emudecido, vinha meio encolhido
oferecer-lhe a cabeça para a carícia. Enquanto o homem se afastava, o
passarinho se atirava meio às cegas contra as grades, fugir, fugir. Algumas vezes, o homem assistiu a essas
tentativas que deixavam o passarinho tão cansado, o peito palpitante, o bico ferido.
Eu sei, você quer ir embora, você quer ir embora mas não pode ir, lá fora é
diferente e agora é tarde demais.
A mulher punha-se então a falar, e falava uns
cinqüenta minutos sobre as coisas todas que quisera ter e que o homem ruivo não
lhe dera, não esquecer aquela viagem para Pocinhos do Rio Verde e o trem
prateado descendo pela noite até o mar. Esse mar que, se não fosse o pai (que
Deus o tenha!), ela jamais teria conhecido, porque em negra hora se casara com
um homem que não prestava para nada, Não sei mesmo onde estava com a cabeça
quando me casei com você, Velho.
Ele continuava com o livro aberto no peito, gostava
muito de ler. Quando a mulher baixava o tom de voz, ainda furiosa (mas sem
saber mais a razão de tanta fúria), o homem ruivo fechava o livro e ia
conversar com o passarinho que se punha tão manso que se abrisse a portinhola
poderia colhê-lo na palma da mão. Decorridos os cinqüenta minutos das queixas,
e como ele não respondia mesmo, ela se calava, exausta. Puxava-o pela manga, afetuosa, Vai, Velho, o
café está esfriando, nunca pensei que nesta idade avançada eu fosse trabalhar
tanto assim. O homem ia tomar o café. Numa dessas vezes, esqueceu de fechar a
portinhola e quando voltou com o pano preto para cobrir a gaiola (era noite) a
gaiola estava vazia. Ele então sentou-se no degrau de pedra da escada e ali
ficou pela madrugada, fixo na escuridão. Quando
amanheceu, o gato da vizinha desceu o muro, aproximou-se da escada onde estava
o homem ruivo e ficou ali estirado, a se espreguiçar sonolento de tão feliz.
Por entre o pêlo negro do gato desprendeu-se uma pequenina pena
amarelho-acinzentada que o vento delicadamente fez voar. O homem inclinou-se
para colher a pena entre o polegar e o indicador. Mas não disse nada, nem mesmo
quando o menino, que presenciara a cena, desatou a rir, Passarinho burro! Fugiu
e acabou aí, na boca do gato?
Calmamente, sem a menor pressa, o homem ruivo guardou
a pena no bolso do casaco e levantou-se com uma expressão tão estranha que o
menino parou de rir para ficar olhando. Repetiria depois à Mãe, Mas ele até que
parecia contente, Mãe, juro que o Pai parecia contente, juro!
A mulher então interrompeu o filho num sussurro, Ele
ficou louco.
Quando formou-se a roda de vizinhos , o menino voltou
a contar isso tudo, mas não achou importante contar aquela coisa que descobriu
de repente: o Pai era um homem alto, nunca tinha reparado antes como ele era
alto. Não contou também que estranhou o andar do Pai, firme e reto, mas por que
ele andava agora desse jeito? E repetiu o que todos já sabiam, que quando o Pai
saiu, deixou o portão aberto e não olhou para trás.
(In “Cadernos de Literatura Brasileira nº. 5”, editados
pelo Instituto Moreira Salles, 1998)
·
Quais as
semelhanças existentes entre as duas obras?
·
Nos dois
contos os protagonistas parecem insatisfeitos com o seu cotidiano, mas acabam
tomando atitudes distintas. Com qual dessas atitudes, você mais se identifica?
segunda-feira, 10 de junho de 2013
MEUS CAROS COLEGAS...
se vocês quiserem, postei no meu site eu postei AVESTRUZ em slides (1º coluna).
http://issuu.com/profpece/docs/avestruz_7___ano?workerAddress=ec2-54-226-124-204.compute-1.amazonaws.com
Prof. PEDRO
se vocês quiserem, postei no meu site eu postei AVESTRUZ em slides (1º coluna).
http://issuu.com/profpece/docs/avestruz_7___ano?workerAddress=ec2-54-226-124-204.compute-1.amazonaws.com
Prof. PEDRO
Sequência
de atividades
7º ano
AVESTRUZ, de
Mário Prata
• Você
sabe o que é uma avestruz?
• Como
ela pode ser caracterizado?
• ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTOS DE MUNDO
• LOCALIZAÇÃO E/OU CÓPIA DE INFORMAÇÕES
• PERCEPÇÃO DE OUTRAS LINGUAGENS
PESQUISA
– Acessa Escola
• PASSEIO
• =
em granja de criação da ave
• Obs.
= a região oferece, inclusive abate.
• CHECAGEM DE HIPÓTESES
• Apresentação
do texto – PARÁGRAFO A PARÁGRAFO – com uso do data-show;
• -
leitura de apresentação – na íntegra;
• PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS LOCAIS
• -
leitura de apropriação de vocabulário, ou seja, grifos e apropriação de
vocábulos com uso do dicionário;
• COMPARAÇÃO DE INFORMAÇÕES
• -
Síntese coletiva na lousa;
• PERCEPÇÃO DAS RELAÇÕES DE INTERTEXTUALIDADE
• PERCEPÇÃO DE OUTRAS LINGUAGENS
• PERCEPÇÃO DAS RELAÇÕES DE INTERDISCURSIVIDADE
• ELABORAÇÃO DE APRECIAÇÕES RELATIVAS A VALORES ÉTICOS E/OU
POLÍTICOS
• Não
vou me adaptar – canção Titãs
• -
Apresentação do clipe
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